O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana, promoveu na última quarta-feira (14) uma roda de conversa epidemiológica, parte das ações do movimento Maio Amarelo. O evento, aberto ao público, reuniu profissionais da saúde, gestores públicos e autoridades de trânsito para refletir sobre os impactos da violência no trânsito e suas consequências diretas no sistema de saúde.

A diretora-geral do HGCA, Cristiana França, destacou durante o encontro a sobrecarga enfrentada pela unidade hospitalar devido aos acidentes automobilísticos. “A maioria dos pacientes chega com múltiplas fraturas, o que prolonga o tempo de internação e compromete a rotatividade dos leitos. Isso impacta diretamente a nossa capacidade de atendimento e sobrecarrega toda a rede”, afirmou.
De acordo com dados do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE), em 2024 o HGCA registrou 5.270 atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito, sendo 77% desses casos envolvendo motociclistas. “Essas ocorrências não só elevam os custos assistenciais, especialmente com OPME, que somaram mais de R$ 2,5 milhões entre 2023 e 2024, mas também afetam o funcionamento do hospital como um todo”, completou Cristiana.
Para ela, a solução para essa problemática passa pela educação. “É essencial promover uma mudança de comportamento desde a escola, com a participação da sociedade, das organizações, das empresas e da imprensa. Apenas com educação, fiscalização eficaz e ações contínuas conseguiremos reduzir esses números alarmantes”, defendeu.

A coordenadora do NHE, Ângela Carvalho, chamou atenção para a tragédia humana por trás das estatísticas. “De acordo com o Sistema Nacional de Informação de Segurança Pública do Ministério da Justiça, mais de 25 mil pessoas perderam a vida no trânsito em 2024. Em algumas estimativas, esse número ultrapassa os 50 mil. É um problema de saúde pública que destrói vidas e desestrutura famílias inteiras”, alertou.

Ângela também comentou sobre a imprudência nas ruas, lembrando que todos podem ser pedestres, motoristas, ciclistas ou motociclistas. “A forma como nos comportamos em cada uma dessas funções pode significar a diferença entre a vida e a morte”, ressaltou.

O superintendente de trânsito de Feira de Santana, Ricardo da Cunha Oliveira, também participou do evento e reforçou a parceria com o hospital. “Preciso do Clériston Andrade para fornecer dados que nos ajudem a identificar os locais com maior índice de acidentes. Com essas informações, podemos atuar de forma mais eficaz”, afirmou.
Ricardo defendeu mudanças nas estratégias educativas. “A educação só funciona quando toca o emocional das pessoas. Precisamos de campanhas que provoquem uma verdadeira mudança de comportamento, e isso só será possível com dados e ações coordenadas ao longo de todo o ano, não apenas em maio”, enfatizou.
Ele ainda destacou a importância de ações firmes, considerando o tamanho da frota veicular de Feira de Santana, que conta com cerca de 350 mil veículos circulando diariamente. “Feira de Santana é o maior entroncamento rodoviário do Norte e Nordeste. Isso exige ações planejadas, como a retomada da Operação Lei Seca, que já se mostrou eficaz na redução de acidentes graves”, concluiu.

NÚMEROS DA VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO – HGCA 2024
Fonte: Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE/HGCA)
Total de atendimentos por acidentes de trânsito: 5.270
Motociclistas envolvidos: 4.023 (77%)
Acidentes com automóveis: 542
Acidentes com ciclistas: 370
Atropelamentos (pedestres): 333
Atendimentos por sexo: 77% masculino | 23% feminino
Origem dos pacientes: 61% Feira de Santana | 39% outros municípios
Custo com OPME (2023-2024): R$ 2.503.233,38
Solicitações de DPVAT ao SAME em 2024: 598
FONTE: ASCOM/HGCA
Portal: Casos de Polícia FSA, informações Sotero Filho e Messias Teles.